sábado, 11 de maio de 2019

Historinha de sexta (Fernando Albrecht)




Começo de Conversa - Jornal do Comércio


Certa feita o médico Fernando Lucchese - que sabe tudo de coração - pessoa física atendeu o livreiro Maurício Rosenblatt, criador da Feira do Livro e notável ser humano.

O cardiologista, que também é homem de letras, tanto que ganhou o Prêmio Açorianos de Literatura, pegou literalmente o coração de Rosenblatt nas mãos e fê-lo entrar nos eixos.

O detalhe é que o paciente já tinha 80 anos.

Depois de cirurgia bem-sucedida, Rosenblatt passou a frequentar o consultório de Lucchese. Como uma mão lava a outra, o esculápio pediu a ele uma lista dos 100 livros que ele, Lucchese, não poderia morrer sem ter lido.

O homem da Feira do Livro quedou pensativo por alguns instantes.

Vamos fazer assim:

- “A cada consulta eu trago de três a quatro livros. Mantenha-me vivo mais tempo possível que saberá quais são todos eles”.

Acesso: 11/05/2019


terça-feira, 7 de maio de 2019

A batalha dos mortos e dos vivos - Opinião Econômica - Nizan Guanaes


Jornal do Comércio
Edição impressa de 07/05/2019
  
Nesses 40 anos de publicidade, vi impérios florescerem e ruírem. A diferença no mundo de hoje é a velocidade com que ambas as coisas acontecem. Mas o padrão do declínio, aos meus olhos, segue bastante parecido, permeado por nuances nos diferentes setores.

Não é científico o que vou descrever, nem baseado em data. É baseado em tudo o que vi e senti, nas coisas que passaram pela minha frente e pelas minhas costas, nas coisas que ficaram para trás e que foram para a frente, inclusive nos meus negócios.

Os passos que levam ao fim, seja o fim de um negócio, de um setor, de uma era, de uma vantagem competitiva, começam com um primeiro passo que é negar o futuro. Adoro a palavra inglesa "denial" (negação).

Organizações e pessoas perdem tempo precioso negando um sol nascendo, um novo modelo de negócio, uma disrupção tecnológica. Quando lançamos o iG, em 2000, vivia ouvindo chacota. Para muitos, o modelo de internet grátis parecia uma aberração. Ia às agências vender mídia, e profissionais muito inteligentes perguntavam: "Você acha mesmo que esse troço de internet vai dar certo?".

Assustador que perguntassem isso no passado, mas mais assustador que perguntem isto hoje: "Você acha que a venda online vai vingar?". A resposta é Magalu, uma rede de lojas com valor de mercado de mais de R$ 35 bilhões, que tem uma senhora rede física e uma experiência digital incrível.

A negação consome anos que a empresa podia estar devotando à reinvenção. No pior cenário, pode levá-la ao fim. A indústria da carne vai gastar um tempo precioso negando empresas de "carne vegetal" como Beyond Meat e Impossible Foods, mas Beyond Meat estreou na Nasdaq semana passada com uma alta de 163% no primeiro dia. E um amigo que sabe tudo desse mercado disse que o sabor do hambúrguer vegano da Impossible Foods é fantástico.

O segundo passo terminal é tentar evitar o futuro com vantagens regulatórias. O consumidor, cada vez mais empoderado e informado, vai ruir esse escudo que o faz pagar mais caro por produtos piores do que os que um mercado aberto e competitivo pode oferecer.

O terceiro passo terminal é tentar replicar o futuro de um jeito antigo, o que é perda de tempo (irrecuperável) e de dinheiro (idem).

Outro passo rumo ao fim é gastar tempo demais com os resultados do trimestre, do dia a dia, e, de tanto focar o resultado, não ter gente suficiente na empresa olhando o vento, a nuvem, o céu.

Fica a pergunta que não quer calar: de que lado você está? Dos vivos ou dos mortos-vivos? A batalha dos vivos e dos mortos-vivos em "Game of Thrones" é a batalha das empresas, dos pensamentos, dos Estados. E, se você quer sobreviver, é bom saber quem é a Arya Stark da sua empresa, a corajosa personagem da série da HBO, ágil e jovem como uma startup, que mata com sua adaga o Rei da Noite, comandante dos mortos-vivos.

E, antes que eu encerre esta coluna com a soberba dos sabe-tudo, quero revelar um momento em que não dei a devida atenção ao futuro.

Fui convidado para falar sobre o Brasil num evento organizado por Bill Gates. Estavam lá os maiores presidentes-executivos do mundo e gente como Jeff Bezos, Warren Buffett, Martin Sorrell, Barry Diller.

Um sujeito chegou do meu lado e se apresentou: "Oi, sou o Reed Hastings, tenho uma empresa que está começando aqui nos EUA e precisando de ajuda no Brasil". Eu não ouvi o cara direito, não dei muita atenção, mas o nome da empresa dele era Netflix.

Empreendedor, fundador do Grupo ABC

Acesso: 07 de maio de 2019

Cédula da 'Prosperidade'

  "Dionatan já ganhou na mega sena Eu já ganhei muito dinheiro Eu já vendi muito crochê Eu já ganhei muita fartura Eu já ganhei muito d...