domingo, 3 de dezembro de 2023

Pós-F


Ignorância, consciência e Deus
Em tudo, a grande maldade é a ignorância. E, sem sombra de dúvidas, concretamente, a ignorância é proposital.
Esses conflitos todos da luta dos sexos, esses conflitos da luta entre homem e mulher, ainda sim poderiam ser evitados se tivéssemos uma consciência muito mais sofisticada, tanto da psicanálise quanto espiritual. Não por meio do que pregam as religiões, mas da noção de que somos de fato todos iguais. Porque somos manifestações únicas de um jogo lindo de consciência, quer você chame de Deus ou não. Mas isso não interessa. Não seria rentável pensar assim. E tudo o que não interessa é o tempo inteiro descartado ou considerado balela. E os discursos que são muito mais lucrativos e que são considerados mais interessantes, eles surgem e sempre apresentam uma grande briga, seja entre os sexos, ou mesmo entre religiões.

Mediocridade
Dizem que a mediocridade é a atuação do ser. Não é o ser em si. É quando você se descola; é Brecht, você atuando em cima do personagem.

Melhor lugar
Cada dia que passa, e há muito, sei que o melhor lugar em que posso estar é em mim. Essa é uma lição que aprendi que deixo com muito amor, neste livro, e todas as vezes em que dou entrevistas: tenham autoestima. Espero que eu possa inspirar meninas, mulheres, e também meninos, homens, a habitarem em si, jamais no outro. Com o(a) outro(a) nós exercitamos inúmeros estágios do crescimento. Aprendemos mesmo quando erramos. Mas somente você estará o tempo inteiro aí, seja na festa, no esplendor de grandes ocasiões, nas dores, principalmente nas dores…

Culpa
Tem um livro, Culpa, que me recorda bastante você: O pequeno príncipe. É lá que está escrito que nós nos tornamos responsáveis por aquilo que cativamos.



Capa: Victor Burton

Fonte: Young, Fernanda. Pós-F: para além do masculino e do feminino. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.


sábado, 2 de dezembro de 2023

Preço do Jornal O Povo (Gianni Carta)

 

O Povo (160 edições, set/1838-maio/1840), periódico quinzenal e oficial da República Rio-Grandense tinha um número reduzido de leitores, uma vez que o índice de alfabetização do Rio Grande do Sul era de cerca de 20% apenas dos seus 150 mil habitantes.

Um exemplar de 4 páginas custava 80 réis, e a assinatura semestral, 4 mil réis, o preço de dois cavalos.

(Adaptado)



Capa: David Amiel
sobre pintura de Giuseppe Garibaldi a cavalo, óleo sobre tela de Filippo Palizzi, 1851, e mapa da América do Sul por Jeremiah Greenleaf, 1840

Fonte: Carta, Gianni. Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho. Tradução: Flávio Aguiar e Magda Lopes. 1ª de. São Paulo, Boitempo, 2013, ebook.

Baiocco (Gianni Carta)

 

Alexandre Dumas promoveu Garibaldi via L’Independente de 1860 a 1864. Em um folheto que circulou em 4 de julho de 1860, anunciou que os principais artigos e notícias do novo periódico seriam impressos em italiano. Os folhetins de Dumas, sua correspondência com os leitores e outros artigos variados seriam impressos em francês. O jornal seria publicado quando tivesse 6 mil assinantes; 150 exemplares do jornal seriam vendidos nas ruas.

Uma assinatura por três meses custava dois ducados, e o preço na rua era de quatro baioccos – moedas usadas nos Estados Pontificais e no Reino dos Bourbon; na época, um baiocco correspondia a 0,001 lira.

(Adaptado)



Capa: David Amiel
sobre pintura de Giuseppe Garibaldi a cavalo, óleo sobre tela de Filippo Palizzi, 1851, e mapa da América do Sul por Jeremiah Greenleaf, 1840

Fonte: Carta, Gianni. Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho. Tradução: Flávio Aguiar e Magda Lopes. 1ª de. São Paulo, Boitempo, 2013, ebook.

“4 tipos” de gaúchos por Sarmiento


Ao falar sobre os quatro tipos de gaúcho que identifica, Sarmiento dá a entender que alguns deles merecem respeito por parte das pessoas “civilizadas” das cidades.

Rastreador: “extraordinário”, o “mais conspícuo” de todos os gaúchos. Seus olhos conseguem detectar os traços “imperceptíveis” deixados por ladrões em qualquer tipo de superfície.

Cantor: é um bardo, um trovador da Idade Média. A lavra poética do bardo é indispensável para o registro da semovente história oral. Os “cantores” poetizam sobre “os confrontos das cidades e o feudalismo dos campos”.

Vaqueano: categoria dos gaúchos em quem não se podia confiar inteiramente, porque ele nem sempre era cumpridor de seus “deveres”. No entanto, reconhece que o vaqueano é “o único mapa que um general lava para guiar seus movimentos em uma campanha; a sorte de um exército, o sucesso em uma batalha, a conquista de uma província, tudo depende dele”.

Malo: o pior tipo de criminoso. Era um “fora da lei”, o “intruso”, o “misantropo”. O gaúcho malo vivia à parte da sociedade. Não respeitava leis e tinha aversão inerente à população branca majoritária. Sarmiento descreve os malos como fumantes e beberrões que capturavam o coração das jovens, devolvendo-as aos camponeses, seus pais, pouco antes do fim de uma festa ou outras reuniões do tipo.

(Adaptado)



Capa: David Amiel
sobre pintura de Giuseppe Garibaldi a cavalo, óleo sobre tela de Filippo Palizzi, 1851, e mapa da América do Sul por Jeremiah Greenleaf, 1840

Fonte: Carta, Gianni. Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho. Tradução: Flávio Aguiar e Magda Lopes. 1ª de. São Paulo, Boitempo, 2013, ebook.

Destaques de Dois Irmãos (MIlton Hatoum)

(...) as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento ; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em isen...