segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Plenitude (Mendelssohn)

A maior felicidade que se pode desejar a alguém, é que possa chegar a ser, plenamente, o que realmente é.”


Jakob Ludwig Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847)



Fonte: Grandes Compositores da Música Universal Vol. 5, 2ª ed. Abril S.A., SP, 1973

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Oração Guarany

 

Versiculos em guarany, que os indios de Missões, costumão cantar na Semana Santa, e que narrão varios padecimentos de Christo em sua Paixão, com sua tradução em portuguez. (1)


GUARANY


1º Christo nhandejará cohemibôravá ycuatia pîrera nhânde monhângara. A! Christo nhandejará, ah! Christo nhandejará. (2)


2º Conde (3) quarepotê yioqua hacuera nhânde monhângara, ioqua pirera. Ah! Christo etc, etc.


3º Conde tâtaedê hecaheca hacuera, nhânde monhângárá, hecaheca pîrera, ah!...


4º Conde ibûrtê ynhembôe hacuera, nhânde monhângárá, inhemboe hacuera ah!


5º Conde poriru hobap^te hacuera, nhânde monhângárá, hobapete îrera, ah!


6º Conde eûepucu S. Pedro rembiporucuera, nhâ… mon… S. Ped. rebipor…; ah!


7º Conde uruguaçu S. Pedro mboya heohacuera, nhâ… monh…. S. Pedro mbocha heo arerá...


8º Conde nhoati ynhâcaucha cuera, nhânde monhângárá, inacacutupêrara, ah!


9º Conde tucûmbo pocua hacuera, nhâ… monh… ipocua pîrera, ah! Christo...


10. Conde columna inhâpêti hacuera, nhâ… monh… inhapêtîrera, ah! Christo...


11. Conde açote ynupa hacuera, nhâ… monhan, inupa hîrera, ah! Christo...


12. Conde domiri hobahîcî hacuera, nhâ… monh… hobahîcî pîrera, ah...


13. Conde tacuetê heie nhembosarai hacuera, nhâ… monh… hecenhembo pîrera, ah...


14. Conde euruçu ymbobo hû hacuera, nhâ… monh…. Imbobo hû pîrera, ah!


15. Conde yiape imbocuapûhacuera nhâ… monhân… impocuapû pîrera, ah!…


16. Conde caliz Pilatos yepohei hacuera, nhâ… monh… Pilatos iepohei hucuera, ah!...


17. Conde ahobae ymomegua hacuera, nhân… monhân… imomegua pîrera, ah!…


18. Conde curuçu ymano hacuera, nhâ… monh… ymano hacuera, ah! Christo...


19. Conde tapêcua ipocutu hacuera, nhân… mohân…. Ipêcutu pîrera, ah!...


20. Conde martillo impobota hacuera, nhâ… monhân… ipembo, tupirera ah!


21. Conde mimbucu ychîqueraça hacuera, nhâ… monh… ichîqueraça pîrera, ah!...


22. Conde vinagre ymbocû hacuera, nhân… monh… imbocû pîrera, ah! Chr…


23. Conde camisa ymode hacuera… nhân… monhân… imode pîrera, ah! Chr…


24. Conde tenaça heûi heûi hacuera, nhân… mohân… heûi heûi pîrera, ah! Chr...


25. Conde yeupica hero ehû hacuera, nhâ… monh… hero ehû pîrera, ah! Chr...


26. Cº sepulchro inhotû haciera, nh… mon… inhotû mbîrera, ah! Chr. Nhandêjara.


(1) Parece que estes versiculos Guaranys foram compostos não pelos jesuitas, mas pelo Rev. Padre Paim.


(2) Em cada versiculo ha sempre a mesma repetição ao fim, por isso abreviei as repetições.


(3) Conde significa tomai, vede, olhai, eis.


PORTUGUEZ


1º Christo Nosso Senhor padeceu por ter-se feito conhecer nosso Creador! Ai! Christo Nosso Senhor, ai! Christo Nosso Senhor.


2º Olhai esse dinheiro com que foi comprado Nosso Creador, com que foi comprado, Ai! Christo etc, etc.


3º Olhai essa vela com que foi buscado Nosso Creador, om que foi buscado, ai!


4º Olhai esse horto onde rezou Nosso Creador, onde rezou, Ai Christo...


5º Olhai essa luva com que foi esbofeteado N. Creador, com q' foi esbofeteado...


6º Olhai esse facão com que S. Pedro se servio, Nosso Creador, se servio! Ai...


7º Olhai esse gallo que fez chorar a S. Pedro, Nosso Creador, chorar a S. Pedr.


8º Olhai essa corôa d'espinhos q'lhe pozerão na cabeça, N. C., lhe pozerão na cab.


9º Olhai essa corda com q' lhe atarão as mãos, N. Creador, lhe atarão as mãos.


10. Olhai essa columna em que foi atado, Nosso Creador, em que foi atado. Ai!


11. Olhai essa disciplina com que foi castigado, Nosso Creador, com que foi...


12. Olhai esse panno (veronica) em que ficou estampado, N. Senhor, em que...


13. Olhai essa cana com q' foi injuriado, Nosso Creador, com q' foi injuriado...


14. Olhai essa cruz que ha carregado, nosso Creador, qu ha carregado, ai!


15. Olhai essa pedra em que o fizerão sentar, Nosso Creador, o fizerão sentar, ai!


16. Olhai essa bacia (nhaé, cálix) em q' Pilatos lavou as mãos, N. C., Pil. Lavou...


17. Olhai essa alva com q' revestirão por irrisão, n. C., com q' revestirão...


18. olhai essa cruz em q' elle morreu, N. Creador, em que elle morreu, ah! Chr....


19. Olhai esses pregos com q' foram cravar suas mãos e seus pés, N. C., com q' etc.


20. Olhai esse martello com que golpearão os pregos, Nosso Creador, com que...


21. Olhai essa lança com q' lhe furarão o costado, Nosso Creador, com que lhe...


22. Olhai esse vinagre q' lhe derão a beber, N. Creador, que lhe derão a beber...


23. Olhai essa tunica que vestio, Nosso Creador, que vestio, ai Christo Nosso...


24. Olhai essas tenazes com q' arrancarão os pregos, Nosso Creador, com que...


25. Olhai essa escada com que foi baixado da cruz, Nosso Creador, com que...


26. Olhai esse sepulchro em q' foi enterrado, N.C., em que foi enterrado… etc.



O CONEGO VIGARIO João Pedro Gay



Publicado originalmente na Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geográfico da Província de São Pedro, ANO IV, n. 1, 1863



Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, nº 123, Porto Alegre – RS - Brasil, 1982, p. 168/169

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Prêmio (Zeca Blau)


As frutas que eu mandei foram plantadas

Por estas mãos, e, eu mesmo é que as colhi.

Aquelas horas eram descuidadas

E hoje, colhendo, foi pensando em ti!


Quanto tempo terei para esses nadas

- Os melhores instantes que eu vivi!

De brindar com lembranças namoradas

Esse alguém que está longe e eu sinto aqui…


Quanto irás apreciar – quase adivinho!

Tendo um pouco de mim cortando a ausência,

Vendo na arrumação todo o carinho.


Doce prêmio do tempo que labuto,

Venho ter quase ao termo da existência

Dos pomares da vida o melhor fruto!...



Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 41

Saudade (Zeca Blau)


Se um dia eu endoidecer

No anseio em que me consumo,

Morrerei sempre acenando

Um lenço para o teu rumo.


Eu longe e te sinto a mão

querida presa na minha,

Tendo algo de ave cansada

que ternamente se aninha.


Tão longe! não se concebe,

- quem poderá concebê-lo?

que eu viva sempre sonhando

No afago do teu cabelo.


As horas de ti distante

que fundamente sentidas!

Desfio como um rosário

De contas tão doloridas…


Se lágrimas vêm, são folhas,

Caindo e trazendo calma,

De uns invisíveis ciprestes

que temos plantados na alma…


Que dom estranho tu tens!

É mesmo tão singular!

- De, estando, querida, ausente,

Perto de mim sempre estar.


Saudade dor que maneia!

Tu tão longe e sempre aqui,

Com aquela corda de seda

Tua presença prendi.


Como é tão longa esta ausência

Mas, olho em torno e te vejo,

Ouvindo alegros da voz

Nos esmorzandos de um beijo.


Por que Deus, criando o amor,

Fez a gente tão sensível?

Aceito, mas não perdoo

Também criasse o impossível…


Ligar pela alma dois seres!

Jamais, Deus, serás impune,

Por ter criado a tortura

Da distância que nos une.


Entre a saudade e a distância

É a escala feita por mim:

- Saudade, trena infinita,

Distância um pouquinho assim!


É cousa que não se entende,

Se Jesus pregou a união;

Dar destinos diferentes

Aos gêmeos do coração!


Se Deus é todo bondade,

- Segundo os crentes referem -

Por que é que fez a distância,

Separando os que se querem?



Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 53

Bendizendo (Zeca Blau)

 

Este silêncio é prêmio que eu bendigo,

Quanta ventura nesta solidão!

Não ouço nunca neste teto amigo

A aspereza brutal do sempre – não!


Eu alongo meus passos neste chão,

Com essa imponência de um marquês antigo.

A mudez que me cerca é bendição

E esse é o manto imperial em que me abrigo.


Leio os meus livros. Como são diversos!

meu Eça de Queiroz das obras primas!

Bilac e Humberto, que primor de versos!


Esse recanto é todo um Eldorado,

Onde ao embalo musical das rimas

Eu esqueço as agruras do passado.


Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 56

Suave Presença (Zeca Blau)

 

Vi-te. Falei-te. E, só, então, contigo

É que eu concebo inéditos momentos.

Vão-se-me as mágoas e aborrecimentos

E até a tristeza dissipar consigo.


Tua ternura é o meu mais doce abrigo.

És a moldura dos meus pensamentos.

Ah! como os dias sem ti se tornam lentos

Sem o quarenta e seis, meu teto amigo!


Longe e constantemente ainda te vejo

Ouvindo a meiga musical balada

Da surdina discreta do teu beijo.


E o meu mundo interior todo se agita

Na ilusão de sentir-te recostada

No velho peito que por ti palpita.



Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 95

No Parque (Zeca Blau)


Silêncio e solidão. Mas que tumulto

De relembranças minha mente invade!

- Centralizando anseios o teu vulto

Na divina moldura da saudade…


Deus te mandou para trazer-me o indulto

De mágoa e penas. E saber quem há de,

Se, embora tarde, vieste a ser o culto

De um pouco ao menos de felicidade!


Ando no parque e, só, então, me atrevo

Dizer teu nome, como se rezasse,

Nesse instante de sonho e doce enlevo…


Retardo os passos… Entreparo. Quedo.

Como, querida, se contigo andasse

Nos tapetes de sombra do arvoredo!



Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 96

Destaques de Dois Irmãos (MIlton Hatoum)

(...) as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento ; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em isen...