Chamão-se verbos irregulares os que não convem que sejão irregulares, como: votar, distribuir justiça, tomar providencias, designar, dar condecorações, promover a imigração.
Tomemos para exemplo o verbo
VOTAR
PREZENTE DO INDICATIVO
Eu sou candidato.
Tu és eleitor.
Elle é votante.
Nós somos uns finorios.
Vós sois recompensados.
Elles são derrotados.
PRETERITO IMPERFEITO
Eu era páo de larangeira.
Tu eras afilhado do Vigario.
Elle era guerreado.
Nos eramos derrotados, se não nos valesse a policia.
Vós ereis phosphoros.
Elles serão votos comprados.
PRETERITO PERFEITO
Eu fui eleito.
Tu foste servir de degráu.
Elle foi muito tolo.
Nós fomos que emendamos a acta.
Vós fostes protejer nossas candidaturas.
Elles foram votar obrigados.
FUTURO
Eu serei um dia Ministro.
Tu serás talvez condecorado.
Elle será sempre o que é hoje.
Nós seremos dominadores.
Vós sereis dominados.
Elles serão o que Deus quiser.
IMPERATIVO
Vota, se não queres ser demitido!
Votemos nós em nós mesmos.
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Os outros tempos são todos «ad libitum».
Consultem-se para maiores esclarecimentos, as circulares dos candidatos, os artigos de fundo e os discursos das camaras.
Fonte: Cabrião: semanário humorístico editado por Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis: 1866-1867. Ed. fac-similar/introdução de Délio Freire dos Santos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado: Arquivo do Estado, 1982, p. 351.
Reprodução fac-similar do original de 51 fascículos, publicado em São Paulo no período de 30 de setembro de 1866 a 29 de setembro de 1867.
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