Sábado, 28 de outubro
Depois do almoço fomos à Floresta, eu, Quim, Alzira, Érico e Eduardo.
E lá conversamos, bordamos e tomamos mate.
Matamos uma cobrinha verde que chegou a morder o meu dedo minguinho. Depois carneei-a, e como a carne estava tão linda resolvemos comê-la.
A Quim teve uma boa ideia: iríamos pescar uns lambaris, faríamos uma fritada, misturando pedaços de cobra e serviríamos a todos, sem dizer nada, senão no dia seguinte.
Depois do chá fomos pescar, com um jereré.
Arregaçamos as saias, tiramos os sapatos e, assim, todas molhadas, pescamos muitos lambaris.
Foi um pagode.
Na volta encontramos uma porção de soldados visitando a Granja. Não disseram bom dia a ninguém e enveredaram por tudo. Ouvi um deles perguntar, olhando para um dos Devon importados:
“De que raça será aquele bicho feio?”
Domingo, 29 de outubro
A Quim preparou a fritada de lambaris com cobra. E ela mesma a serviu, no almoço.
Tivemos um succès fou.
No prato da Bá ela descarregou quase unicamente pedaços de cobra. E perguntava:
Are you liking them?
A Bá respondia que só deixara o que não podia comer. E afastava delicadamente o pedaço de espinhaço da cobra para a beira do prato.
A Maninha e a Dina também comeram, mas em menor quantidade.
Quando revelamos, no fim do almoço, o que haviam ingerido, elas ficaram horrorizadas.
Depois Maninha, ainda horrorizada, passou-nos tremenda capina.
Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 13/14.
Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.
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