O sistema é perfeito na lógica de fazer culpado quem tenta fugir dele.
(…) de matriz normativa, capitalista e neoliberal, ocupa todas as frestas dis poníveis para um possível respiro de nada mais do que: vida.
No meio de tudo, falta tempo para pensar em como dizer e quando, no que foi dito e como, no que pode ser feito melhor e onde.
O (re)pensar não tem vez nesta sociedade instantânea, espontânea – somente dentro dos papéis sociais esperados.
A (des)culpa sim, tem vez - mas não aquela do perdão.
A sociedade associal do cansaço precisa brincar (e dormir). O lugar para o lúdico está extinto, assim como o instinto.
Artigo raro é a real espontaneidade. Fica difícil assim. Complicado ser artista desse jeito.
Se o atual sistema tira as condições de sobrevivência por causa de gênero, raça e classe, o que ele dirá sobre modos diferentes de viver a própria vida, e sobre outra cosmovisão?
Fonte: O modus operandi do ser artístico. Ferreira, Clarissa. Gauchismo líquido: reflexões contemporâneas sobre a cultura do Rio Grande do Sul. Porto Alegre (RS): Editora Coragem, 2021, p. 161/162.
Capa: Evelyn Abs.
Ilustrações: Clara Trevisan
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