Junto à emoção, uma consciência reflexiva pode sempre se dirigir. Nesse caso a emoção aparece como estrutura da consciência. Ela não é qualidade pura e indizível, como é o vermelho cor de tijolo ou a impressão pura de dor – e como ela deveria ser segundo a teoria de James. Ela tem um sentido, ela significa alguma coisa para minha vida psíquica. A reflexão purificadora da redução fenomenológica pode compreender a emoção na medida em que ela constitui o mundo sob a forma mágica. “Acho-o detestável porque estou furioso.” Mas essa reflexão é rara e necessita motivações especiais. Geralmente, dirigimos junto à consciência emotiva uma reflexão cúmplice que percebe, certamente, a consciência como consciência, mas enquanto motivada pelo objeto: “Estou furioso porque ele é detestável”. É a partir dessa reflexão que a paixão vai se constituir.
Capa: Projeto gráfico de Néktar Design
Foto da capa: Jean-Paul Sartre, 1951. Foto de Philippe Halsman (Magnum Photos)
Fonte: Título original: Esquisse d’une théorie des émotions. Primeira edição na Coleção L & PM Pocket Plus, agosto de 2006. Sartre, Jean-Paul, 1905-1980. Esboço para uma teoria das emoções. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L & PM, 2013, p.89
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