quarta-feira, 1 de abril de 2020

Promessa de Amor do Índio Pobre (Colmar Duarte)



O pingo,
Atado ali no parapeito,
Mascando o freio,
Farejando a noite,
Foi a única testemunha desse adeus.
Duas gotas de luz vieram brincar
Nos olhos cor de mel
Da moça triste.
E seus lábios ficaram entreabertos
A tremer como um pássaro assustado.
E nem os vaga-lumes,
Distraídos
A costurar o escuro,
Escutaram
A promessa de amor
Do Índio pobre:
- Eu voltarei para buscar-te, um dia,
Mas antes andarei muitos caminhos
À procura de um mundo
Pra te dar.
Retornarei a ti
Na voz do vento
Que sussurra acalantos nas planuras
Como a ninar
O sonho que embalamos.
E teus olhos,
Profundos como o tempo,
Que enfumaça recuerdos e distâncias,
Me entregarão o brilho das estrelas
Que florescem no abismo das lonjuras,
Nas madrugadas dessas noites mansas.
Eu voltarei para trazer-te, um dia,
Um vestido de nuvens e de espumas
E um véu tecido com fios do luar.
Depois, farei moldar nossas alianças
Com todo ouro que puder guardar
Do último clarão
Que um sol, no ocaso,
Filtrar entre a ramagem das figueiras.
Teu anel de noivado
Enfeitarei
Com a pedra preciosa de um luzeiro,
Engastada no canto dos sabiás.
Pela estrada de luz
Da Via Láctea
Tu chegarás a mim
Sorrindo então...
Uma tiara de lua
Em teus cabelos
E uma rosa de aurora
Em tuas mãos.

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