terça-feira, 15 de março de 2022

Duelo (Diário de Cecília, 1925)

 

Quinta-feira, 27 de agosto


Como era esperado, chegou do Rio o nosso deputado Artur Caetano.


Como copeira não pude ouvir tudo que ele disse, só depois de servir o jantar e guardar a louça vim a escutar a conversa.


Creio que quer ouvir a opinião do Papai sobre coisas muito diferentes.


Não sei a troco de que o Papai estava relembrando o caso do seu duelo, nos tempos da constituinte, com o Zé Higino, um deputado baiano.


Foram padrinhos do Papai o general Frota e o Ramiro Barcelos.


Mas o duelo terminou não saindo. Ao saber que Papai era um grande atirador, o Zé Higino pretendeu mudar de arma, dizendo que só se bateria à espada, quando ficara estabelecido, em papel assinado pelas partes e pelos padrinhos, que o duelo seria à pistola.


Criou-se então um impasse, contornado pelo Papai, ao concordar que se mudasse de arma.


Aí o deputado Furquim Werneck, um dos padrinhos de Zé Higino, conseguiu evitar o duelo, entrando em acordo com os padrinhos do Papai.


Alegou-se que, segundo as condições do duelo, a arma teria de ser a pistola.


E que, sendo o Papai um grande atirador, haveria desigualdade entre os digladiantes.


Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 85.




Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.

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