Honorina e Hildebrando (Diário de Cecília, 1927)

 

Quarta-feira, 17 de agosto

Estão saindo os ovos dos bicos de seda que o tenente Salvaterra me deu. Já descascaram nove. Esfomeados, atiraram-se desde primeiro momento às folhas de amoreira que lhes ofereci.

Chegou o primeiro número da assinatura do Illustrated London News.

A vaca Melisse, chegada da Estância Nova, onde havia sido sangrado o seu terneiro, saiu pelo corredor afora, esta madrugada, depois da ordenha. Aproveitou a patetice do João Francisco e fugiu.

Disse-nos a Honorina que sua criança tivera um “empache de leite” e estava muito “depravada”.

O general Neto mandou deixar os loros de molho.

Quinta-feira, 18 de agosto

Como o pequeno da cozinheira ainda anda “depravado”, ela não veio trabalhar.

Ao chamar o general Zeca Neto para o almoço, encontrei-o sovando os meus loros, com sebo de ovelha. Depois do almoço fui ajudá-lo.

O Hildebrando chegou de uma incursão ao centro do Brasil, isto é, até Piratini... Veio ajudar o varela a tomar mate no galpão.

Visita do coronel Manoel Corrêa Soares. Diz que ele o pai estão cada vez mais inclinados a ir criar no Brasil. O que ganham aqui não dá para pagar os impostos.

A Melissa voltou sozinha para a Estância Nova. Coitada, foi procurar o filho que não existe mais.

Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 151.

Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.