Domingo, 28 de agosto
Fui pra cama cedo, pensando que há três anos, nesta data, pisei o solo uruguaio pela primeira vez. Lembro-me bem: deixei nossa casa em Pedras Altas, atravessando o rio jaguarão, na picada do Felipe, acompanhada pelo Boy e Rubens Maciel.
Do outro lado, estava o velho Cantalício, com um cavalo tordilho pela rédea, à minha espera. E a cavalo fui até o ranchinho onde se encontravam Papai, Mamãe e o Joaquim.
Seguiam-me, a pé, o Rubens, o Boy e o Cantalício, carregando a bagagem e os mantimentos que tínhamos trazido de auto, até a costa do Jaguarão.
Encontramos Mamãe a preparar o jantar, num braseiro, sobre o qual os ferros da velha máquina de costura serviam, ao mesmo tempo, de grelha e chapa.
O Papai aplainava paus com forquilhas e em forma de T, para fazer os cabides e as prateleiras do rancho.
O Joaquim, de bodoque na mão, andava pelo barro, satisfeito e clinudo.
Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p.153.
Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.
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