Eu gostava muito do estilo do Sérgio Moraes, das suas frases tipo: “Lá onde a coruja dorme”.
Existem alguns momentos inesquecíveis do rádio, como por exemplo, o Sérgio Moraes, no campo do Grêmio com o Biscardi, um castelhano massagista. Na época os massagistas usavam um abrigo com a letra M, que significava massagista.
Numa decisão, um jogador do Grêmio caiu na beira da pista e o Biscardi está jogando água no rosto do jogador. Na época, dizer a palavra “cara” no ar seria ridículo, então ele disse: “atenção, Resende, o Biscardi está jogando água na fisionomia do jogador”. Isso é do folclore e é verdadeiro.
Também posso contar uma minha.
Num fim de semana, trabalhando na TV Gaúcha, estava apresentando o programa Espetáculos Esportivos que tinha o patrocínio da Goodyear e da Cinzano. O programa mostrava os teipes dos principais jogos da semana, resultados da Loteria Esportiva e os páreos do Hipódromo do Cristal.
Então, quando dava o intervalo, o apresentador tinha de sustentar, ao vivo, esse intervalo, para trocarem o rolo de VT. Quando o assistente do estúdio te dava o sinal e pedia para chamar o gol, o técnico tinha de dar oito segundos para ajeitar a fita.
Eu chamei duas ou três vezes um gol do Alcindo contra o Siderúrgica, e o VT não rodava nunca. Quando, finalmente, desencavou aquilo, eu disse assim:
“E agora então continuamos nossas apresentações num oferecimento de Goodyear, o melhor vermute do mundo, e Cinzano, o pneu que dura mais”.
Quando cheguei no bar do Calofo eu não tinha nem me dado conta do que disse, mandaram me dar um Goodyear bem gelado!
Fonte: Coiro, José/Grabauska, Cléber. Sala de redação: a divina comédia do futebol. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 189.
Capa: Ivan Pinheiro Machado sobre ilustração de Edgar Vasques
Nenhum comentário:
Postar um comentário