terça-feira, 7 de junho de 2022

Ruy Carlos Ostermann

 

Antes, o comentário era uma coisa bastante intuitiva, subjetiva, retilínea. Ninguém anotava muita coisa. As coisas mudaram depois que eu criei a planilha. A planilha é criação minha. Isso aconteceu em 1962.


Eu uso um caderno e nele coloco o local do jogo, a data, o horário do início do jogo, os times. Embaixo, se deixa um espaço para colocar as substituições e os arremates a gol e para, através de algum sinal, tu fazeres a distinção daquilo que foi feito com os pés.


Então, com o advento da planilha, surgiu uma coisa assim: o Internacional arrematou 14 vezes a gol, e o Grêmio, 16. Isso não existia antes. Ninguém anotava, não tinham uma planilha para isso.


Foi daí que as pessoas começaram a notar que o meu discurso era diferente do dos demais colegas. É por isso que o Lauro diz que sou um divisor de águas.


Em parte o meu apelido de professor decorre dessa minha frase didática, enfática e repetitiva. Eu faço comentários circulares, não os faço de forma linear. Eu vou até um ponto e depois volto e assim vou sucessivamente, até porque é assim que se aprende. Faço um processo de repetição, não com as mesmas palavras.

Fonte: Coiro, José/Grabauska, Cléber. Sala de redação: a divina comédia do futebol. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 108.




Capa: Ivan Pinheiro Machado sobre ilustração de Edgar Vasques

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