O psiquiatra francês Eugène Minkowski (1885-1972), um estudioso desse “tempo vivido”, explica muito bem três perspectivas duais do tempo.
1) Espera e atividade
Esperar alguma coisa significa não fazer, porque o resultado não depende de nós. A espera passa por uma percepção dolorida do tempo.
2) Desejo e esperança
O desejo pressupõe a busca de alguma coisa que não temos. A esperança já é uma espera modificada pelo otimismo. A espera está sempre relacionada a algo que vai acontecer no futuro, mas a esperança pode estar em qualquer tempo. Podemos ter esperança de um resultado positivo de algo que já aconteceu. A esperança alivia a dor nesse momento
3) Prece e Ação Ética
A prece é descrita como a relação com algo que encontramos dentro de nós, um espaço de comunicação com algo maior que nós: algo ou alguém sagrado, uma divindade, um deus.
Para Minkowski, a prece difere da meditação, que nos traz para o presente, e também difere da oração, que pode estar relacionada com o passado. Na prece, esperamos que algo maior nos salve, resolva o problema. Na ação ética, nos conectamos com essa força, com esse poder que existe dentro de nós e que nos leva a fazer pelo outro algo que está além da nossa vontade. É nesse momento que o humano se torna divino.
Capa: Angelo Bottino e Fernanda Mello
Fonte: Arantes, Ana Claudia Quintana. A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de Janeiro: Sextante, 2019, p. 67/68
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