terça-feira, 27 de junho de 2023

Sou isso, enfim… (Álvaro de Campos)

 


Começo a conhecer-me. Não existo.

Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,

Ou metade desse intervalo, porque também há vida…

Sou isso, enfim…

Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.

É um universo barato.



Capa: Almada Negreiros (1954)

Fonte: Pessoa, Fernando, 1888-1935. Poesia de Álvaro de Campos. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006. Coleção a obra-prima de cada autor. Série Ouro; 47, p. 370

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