(…) mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?
“Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco seria uma outra forma de loucura.
Necessariamente porque o dualismo existencial torna sua situação impossível, um dilema torturante. Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca. Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura – loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira loucura (Ernest Becker, A negação da morte).”
(…) a dor é a única emoção que não usa máscara.
(…) as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, emoções.
Fonte: Abreu, Caio Fernando, 1948-1996. Morangos Mofados, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, ebook
Capa: Joca Reiners Terron
Acesso 07/10/2023
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