A música com a
qual eu participei no 1º MUSICANTO, de Santa Rosa, é mais do que uma canção, é
o posicionamento daqueles que conservam na criação musical as raízes da
campanha de onde vieram. Dos que enfrentaram as picadas estreitas da difusão
músico-cultural quando ainda não havia a consciência nativista que hoje há e que, abrindo caminhos tornaram possível cantar-se o Rio Grande de bombacha.
Hoje,
dividimos democraticamente o cenário musical do Estado com a chamada “projeção
folclórica” (invento californiano para identificar a música urbana) ou, se
quiserem, a música popular do Sul. É o espaço aberto pelos que, não raras
vezes, são chamados de retrógrados e conservadores que hoje está preenchendo o
vazio cultural que o Rio Grande sentiu por longo tempo. Sou pela renovação
consciente sem colocar em risco o atavismo tão caro e latente dos que cantam a
terra e o homem do campo por uma identidade cultural.
Pretendi, com “Vozes
Rurais”, chamar a atenção do grande público para que fiquem atentos no sentido
de selecionar os que estão trazendo contribuições para a história musical do
Rio Grande, e dos que aproveitam o embalo e a desinformação para “engrupir” uma
música sem raízes e sem interesse cultural.
Por outro
lado, penso que não será possível avançar na estrada da criação musical se não
tivermos uma base sólida e definida da música gaúcha. Estaríamos construindo
castelos no ar.
Felizmente,
entre cantos estranhos estão eles “de bota e bombacha sustentando os padrões”.
Para os que quiserem cantar junto aí vai:
“Dê-lhe boca a
estas bocas cantoras”.
Fonte: Revista Tarca –
Cultura Gaúcha – ANO I – Nº 00
*****
*****
Nenhum comentário:
Postar um comentário