Nativismo
...pra pensar!...
Cultura Terrunha
Glênio Fagundes
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A identidade cultural nas triagens
É comum nas triagens deparamos
com temas (canções) de conotação urbana de grande gosto e beleza. Neste momento
se o corpo de jurados não estiver embutido da proposta cultural do evento que
se diz “NATIVISTA”, poderá ficar em dúvida! Por isto, antes de ocuparmos o
lugar de jurado devemos ter intimidade com a área nativa, além das propostas do
evento. Só aquele que tem consciência sabe do alto grau de responsabilidade que
pesa sobre os ombros de quem vai emitir pareceres culturais num corpo de
jurados! Pois quando se trata de enriquecimento cultural, a identidade com as
raízes da cultura, deverá se fazer presente, antes mesmo da beleza do tema. E
para tanto, requer conhecimento.
O jurado cultural, não pode
guiar-se apenas pelo fato de gostar ou desgostar do tema (canção) inscrito no
evento. Por isto, a triagem é de suma importância.
A ajuda de custo nos festivais
Está mais que comprovado o fato
de que a AJUDA DE CUSTO é fundamental para a grandeza do evento, possibilitando
a presença de melhor apresentação dos temas.
O instrumental acústico não basta?
Sabemos que os microfones usados
em nossos festivais nativos, já possuem qualidade suficiente para transmitir a
sensibilidade do artista, sem distorções, por que não estimular a simplicidade
do instrumental acústico?
Por onde andará a simplicidade?
Se no regulamento diz: “no máximo
(7) sete elementos em palco”. Este item é seguido quase ao pé da letra, pois é
rara a vez que as canções apresentadas não trazem esse número de participantes.
Pelo fato do pouco tempo entre a
pré-seleção e a apresentação em palco, notamos através dos temas um verdadeiro
mosaico de bons artistas, mas sem unidade. É uma lástima que não haja uma
preocupação maior com a simplicidade.
O urbano e o nativo
Por que não temos um festival de
música urbana, se possuímos mais de cinquenta encontros nativos musicais?
Será que temos música popular
urbana de raiz?
Sabemos que o hibridismo nunca
foi processo de aculturação, no enriquecimento cultural.
Mais intimidade cultural
Notamos muitas vezes que nos
encontros musicais de arte nativa a intimidade com a cultura da nossa terra
deixa muito a desejar. Não basta extrair de um dicionário gauchesco termos para
elaboração de uma letra. Os temas são inesgotáveis. O esvaziamento repetitivo
está na pobreza de quem o elabora.
A simplicidade no personal
Lamentavelmente ouvimos
comentários sobre o fato de que alguns artistas estariam usando o esquema de
participarem dos festivais apenas pela ajuda de custo, descuidando da boa
apresentação do trabalho. Em virtude desse fato, alguns festivais, criariam uma
nova cláusula. Seria permitido no evento a presença em palco no mínimo de três
elementos e no máximo de sete.
Teríamos muito a lamentar com este
fato. Onde ficaria o artista personal e os duetos?
- As manifestações simples nunca
deixam dúvidas, ou são boas ou são ruins, ao passo que quanto mais elementos em
palco mais difícil sua apresentação, uma vez que a premência de tempo nos
julgamentos dos festivais já possui carência.
A carteira da ordem dos músicos
A exigência da carteira de músico
ao amador “NO PALCO DOS FESTIVAIS” não nos parece inteligente e justa. Este
fato inibe aquele que no momento, atuando em outra área, lhe é imposta a
credencial da ordem. Neste momento, perde a cultura e perde a Ordem, com o
afastamento deste elemento.
A carteira só deveria ser exigida
no evento se o participante desejasse atuar como espetáculo ou fora do palco
como profissional.
E assim lucraria nossa cultura e
a Ordem com esse manancial de amadores, quem sabe até, futuros profissionais.
Fonte: Revista Tarca –
Cultura Gaúcha – ANO III – nº 16 (AGO/SET/OUT/86) – p. 15
Crédito da Foto: Revista
Tarca – Cultura Gaúcha – ANO I – Nº 0 (1984)
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