sábado, 20 de maio de 2017

Cultura Terrunha - Pra Pensar (Glênio Fagundes)

Nativismo

...pra pensar!...

Cultura Terrunha

Glênio Fagundes   

A identidade cultural nas triagens

É comum nas triagens deparamos com temas (canções) de conotação urbana de grande gosto e beleza. Neste momento se o corpo de jurados não estiver embutido da proposta cultural do evento que se diz “NATIVISTA”, poderá ficar em dúvida! Por isto, antes de ocuparmos o lugar de jurado devemos ter intimidade com a área nativa, além das propostas do evento. Só aquele que tem consciência sabe do alto grau de responsabilidade que pesa sobre os ombros de quem vai emitir pareceres culturais num corpo de jurados! Pois quando se trata de enriquecimento cultural, a identidade com as raízes da cultura, deverá se fazer presente, antes mesmo da beleza do tema. E para tanto, requer conhecimento.

O jurado cultural, não pode guiar-se apenas pelo fato de gostar ou desgostar do tema (canção) inscrito no evento. Por isto, a triagem é de suma importância.

A ajuda de custo nos festivais

Está mais que comprovado o fato de que a AJUDA DE CUSTO é fundamental para a grandeza do evento, possibilitando a presença de melhor apresentação dos temas.

O instrumental acústico não basta?

Sabemos que os microfones usados em nossos festivais nativos, já possuem qualidade suficiente para transmitir a sensibilidade do artista, sem distorções, por que não estimular a simplicidade do instrumental acústico?

Por onde andará a simplicidade?

Se no regulamento diz: “no máximo (7) sete elementos em palco”. Este item é seguido quase ao pé da letra, pois é rara a vez que as canções apresentadas não trazem esse número de participantes.

Pelo fato do pouco tempo entre a pré-seleção e a apresentação em palco, notamos através dos temas um verdadeiro mosaico de bons artistas, mas sem unidade. É uma lástima que não haja uma preocupação maior com a simplicidade.

O urbano e o nativo

Por que não temos um festival de música urbana, se possuímos mais de cinquenta encontros nativos musicais?

Será que temos música popular urbana de raiz?

Sabemos que o hibridismo nunca foi processo de aculturação, no enriquecimento cultural.

Mais intimidade cultural

Notamos muitas vezes que nos encontros musicais de arte nativa a intimidade com a cultura da nossa terra deixa muito a desejar. Não basta extrair de um dicionário gauchesco termos para elaboração de uma letra. Os temas são inesgotáveis. O esvaziamento repetitivo está na pobreza de quem o elabora.

A simplicidade no personal

Lamentavelmente ouvimos comentários sobre o fato de que alguns artistas estariam usando o esquema de participarem dos festivais apenas pela ajuda de custo, descuidando da boa apresentação do trabalho. Em virtude desse fato, alguns festivais, criariam uma nova cláusula. Seria permitido no evento a presença em palco no mínimo de três elementos e no máximo de sete.

Teríamos muito a lamentar com este fato. Onde ficaria o artista personal e os duetos?

- As manifestações simples nunca deixam dúvidas, ou são boas ou são ruins, ao passo que quanto mais elementos em palco mais difícil sua apresentação, uma vez que a premência de tempo nos julgamentos dos festivais já possui carência.

A carteira da ordem dos músicos

A exigência da carteira de músico ao amador “NO PALCO DOS FESTIVAIS” não nos parece inteligente e justa. Este fato inibe aquele que no momento, atuando em outra área, lhe é imposta a credencial da ordem. Neste momento, perde a cultura e perde a Ordem, com o afastamento deste elemento.

A carteira só deveria ser exigida no evento se o participante desejasse atuar como espetáculo ou fora do palco como profissional.

E assim lucraria nossa cultura e a Ordem com esse manancial de amadores, quem sabe até, futuros profissionais.

Fonte: Revista Tarca – Cultura Gaúcha – ANO III – nº 16 (AGO/SET/OUT/86) – p. 15

Crédito da Foto: Revista Tarca – Cultura Gaúcha – ANO I – Nº 0 (1984)

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