sexta-feira, 26 de maio de 2017

Em Louvor Ao Meu Zaino (Zeca Blau)


(Zeca Blau, painéis crioulos, Poncho e Pala, Edição Sulina, 1966)

És um bárbaro poema, onde a prata da rima
fulge. E à tua altivez, glória! E à tua bravura!
que arde e floresce mais se, firme e esbelto, em cima,
convido-te a romper na carreira a planura.

Rude e crioulo sangue as tuas veias anima!
Quando no freio eu te alço à agachada segura,
dás-me – e galgas assim o alto apogeu da estima –
nos trabalhos de campo, arroubos de loucura.

Contigo a seleção foi pródiga e foi sábia:
Pôs-te no olhar afeito ao prélio dos rodeios,
moça, a flor dos clarões de ardentias da Arábia.

És sem rival na rédea e perfeito na estampa!
e em ti se concentrou em tumultos e anseios,
virgem na rebeldia, a alma antiga do pampa.

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