Pedaço de chão nativo
Onde o cuéra nasceu
Nessa gleba cresceu
E foi tomando postura
Na campeira estrutura
Praticou, ganhou experiência
Na genuína vivência
Teve a xucra formatura.
Aprendeu com os vaqueanos
Longe dos bancos colegiais
A lidar com os animais
Nesse campeiro labor
Ficou conhecedor
Só no volteio da mangueira
A gueixa que é coiceira
O chimbo velhaqueador.
A conhecer pelo berro
O boi do seu arado
O mocho e o aspado
O relincho do seu tordilho
A idade do novilho
A do cavalo num repente
Olhando a cova do dente
E o potro pelo curnilho.
Notou que o pingo mestiço
Tem afeição pelo trato
Ovino de queixo chato
Tem oito anos pra frente
É bom guardar na mente
O que o vaqueano aconselha
Guaipeca que pega ovelha
Se examina nos dentes.
Lua nova não é boa
Pra enfrenar bagual
Fica babão em geral
Com propensão pra estreleiro
Peão asseado lava o baixeiro
Pra não pisar o redomão
Não se larga matungo gavião
Com os mansos do potreiro.
Ginete que é ginete
Monta em potro descansado
E já tira aguçado
Nos pingüelos abrindo rombos
Salta de vereda no lombo
Não se para aos socalões
Cansa o potro dando tirões
De medo de levar tombo.
Todo o bom castrador
Que castra com perícia
Se conhece por notícia
Sem mesmo andar indagando
Sempre tem alguém falando
Como esse não tem outro
Esse castra potro
Opera e larga pastando.
Sabe observar um enxame
Na entrada do cortiço
Pelo fumegar dos bichos
Escuta e ouve o rumor
Não sendo observador
Essas coisas não indaga
Só fura abelha magra
Não serve pra melador.
Somente no amor
Não se diga entendido
Não se dê pra convencido
Com as coisas do coração
Saiba aguentar o tirão
De um olhar de mormaço
Que quando vê cruzados em maço
Finge carinho e afeição.
Se tu gostar de visitas
Ata teu cusco brabo
E corte bem curto o rabo
Das ovelhas pra recria
Desde novo eu queria
Toda a lida aprender
E hoje me “gusta” escrever
Coisas que tem serventia.
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