Disco
voador, lá no Alegrete, dá nojo... E eu “tou” me lembrando,
nesta hora, de um rapaz que serviu comigo no glorioso Sexto Regimento
de Cavalaria. Nós “chamava” de Ribeiro Louco. Já no apelido, o
índio não é de laçar com sovéu curto. Nunca se apertava. É
capataz dum daqueles herdeiros do falecido Gregoriano Correia da
Costa, homem que deixou história lá no Alegrete.
Um
dia, pensei que ia apertar o Ribeiro. Os russos tinham largado aquele
primeiro Sputnik, e os jornais diziam que o satélite fazia: bip,
bip, bip, não sei o quê...
Fui
visitar o Ribeiro (Nós “tinha” servido em 1953).
-
Ribeiro, tu já ouviste falar que os russos largaram uma porcaria aí
pelo espaço? Não apareceu aqui?
-
Não. Quer dizer que não.
Mas
ele sentiu que esbocei um sorrizinho.
-
Não, quer dizer que não. Continuou:
-
Mas, tem uma coisa!
Digo:
“Aí vem o Ribeiro...”
-
Uma noite dessas, eu olhei
pro céu. Passou uma bola de fogo, fazia bi, bi, bi...
(Ele nem sabia que o barulho era bip,
mas “ouviu de orelha” e já aproveitou pra me...). Fazia bi,
bi, bi, e eu estou que era o tal
de “satel”.
Este
era o Ribeiro Louco, cujo sonho na vida era falar com um tripulante
de disco voador. E realizou este sonho...
Cousa
de umas três, quatro semanas, ele estava sestiando. A
patroa “veia” tinha ido visitar uns parentes. Andava um, meio
atentado lá no Alegrete e ele ficou meio sozinho no rancho.
O
Ribeiro mora cerca de uns trinta, trinta e cinco quilômetros do
Alegrete, lá no rumo dos Pinheiros, e ouviu um zunido. (Isso, ele me
contou e jurou que queria cair morto no meio de quatro “vela”,
que era verdade). Uma luz que clareou tudo em derredor.
“É
o tal disco voador. Hoje converso com essa gente”, pensou.
Saiu
pra fora e tinha, como é que vamos dizer, capa de circo de
borlantim, a tal coisa, mas só a parte de cima. E tudo clareando e
branquinho que parecia um queijo recém-feito.
Aquilo
veio descendo, veio descendo.
O
Ribeiro olhou pra cima, no meio das nuvens. Parecia um charutão bem
grande. Bem escuro. Cheio de “janelinha” iluminada.
Olhou
pro disco e o disco veio. Parou bem no potreiro. Espantou uma vaca
mansa que tinha por ali e um petiço aguateiro.
Desce
uma escadinha pro chão. Aquela escadinha sai do disco e vem direto
ao Ribeiro Louco. Um homenzinho verdinho, mais ou menos dessa
alturinha (com mais escamas que traíra das graúdas) e duas
guampinhas que não paravam de se mexer pra tudo que era lado.
-
É a cousa mais
engraçada, me dizia o Ribeiro Louco. Não falei com ele, e ele não
falou comigo. A gente se entendia só pelo “célebro”!
O
gaúcho da minha zona é muito tímido, mas é muito metido. Ele mete
o cavalo, mesmo! Já sai dizendo o que não é da conta dele.
“Ainda
que mal pergunte” (pensou o Ribeiro e transmitiu a pergunta ao
verdinho), “não é da minha conta, o amigo vem de onde?”
“Venho
de um planeta não sei o quê, lá perdido não sei onde, e este meu
disco, minha nave pequena, saiu daquela nave grande que está lá em
cima do Alegrete. Parada.”
“HANNNNNNNN...
(O Ribeiro não entendeu coisíssima nenhuma). HANNNNN...
Ainda que mal pergunte, que
não é da minha conta, o amigo tem essas guampinhas como pra o quê?”
Aí
o verdinho explicou: “Isso que o senhor chama de guampinhas são
minhas antenas. Uma, “tá” ligada aqui na nave-mãe que “tá”
sobrevoando o Alegrete. A outra, “tá” ligada lá no meu planeta
XYZ, de origem, à
outra antena. Sempre, as duas, transmitindo notícias. Eu, assim, sou
sempre o primeiro a saber.”
Aí,
parou e olhou o Ribeiro Louco: “Por quê? Vocês aqui no Alegrete
não tem dessas guampinhas?”
“Não,
algum tem, mas é sempre o último a saber...”
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