segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Bendizendo (Zeca Blau)

 

Este silêncio é prêmio que eu bendigo,

Quanta ventura nesta solidão!

Não ouço nunca neste teto amigo

A aspereza brutal do sempre – não!


Eu alongo meus passos neste chão,

Com essa imponência de um marquês antigo.

A mudez que me cerca é bendição

E esse é o manto imperial em que me abrigo.


Leio os meus livros. Como são diversos!

meu Eça de Queiroz das obras primas!

Bilac e Humberto, que primor de versos!


Esse recanto é todo um Eldorado,

Onde ao embalo musical das rimas

Eu esqueço as agruras do passado.


Fonte: Blau, Zeca. Horas do meu ocaso. Edição Sulina, 1968, p. 56

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