Segunda-feira, 9 de janeiro
O velho Cantalício está aqui. Ontem de noite, ele nos contou uma porção de histórias de fadas e a do Ali Babá. Tudo naquela linguagem pitoresca, misturando brasileiro com castelhano.
Nas suas histórias os reis recebem os príncipes com um mate e mandam desencilhar e atar o cavalo na ramada.
Quando Ali Babá e os 4o Ladrões chegam na pedra da caverna encantada, gritam: “Abrite, perejil sin ojas.”
Terça-feira, 10 de janeiro
Papai preparou uma guampa, com fundo de salso, para tomar apojo e coalhada. Há muito tempo que ele desejava ter uma guampa para esse fim. Enquanto raspava e limava o pedacinho de salso para adaptar no fundo da guampa, mandou-me lar alto uma viagem maravilhosa de Fernão Mendes Pinto (o Marco Polo português), publicada em 1614.
O velho Cantalício despediu-se e voltou para o Berachi.
Antes de sair fez considerações sobre as vantagens do cavalo de trote bem duro e mau cômodo, principalmente no verão.
Ei-las, nas suas palavras:
“Você empeza uma viagem num cavalo de cômodo bom, vai troteando ou marchando e vai aquentando; agora, num cavalo de trote duro, você vai sacudindo e saltando e a fresca vai passando por baixo.”
Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 173/174.
Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.
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