segunda-feira, 14 de março de 2022

Matias Costa Barros (Diário de Cecília, 1918)

 

Sábado, 27 de abril


Estava costurando quando correu a voz que um senhor com malas vinha vindo.


Era o engenheiro Matias Costa Barros, de Alagoas, um velho com cara de bom. Veio conhecer o estabelecimento do Papai.


A Maninha acomodou-o no cottage. De noite fiz mate para ele. Queimou-se.


Revelei um rolo de negativos antes de ir para a cama.


Domingo, 28 de abril


Depois do serviço no galpão mudei de roupa e saí com o dr. Costa Barros, pela Granja afora. Mostrei os galinheiros, a pocilga, a horta, a Floresta, a alameda da Boa Viagem e os cavalos.


Aí a Maninha apareceu e nos acompanhou ao potreiro onde ele viu os guachos.


Fomos até o Capão da Capororoca e voltamos para almoçar.


O dr. Costa Barros deu-me umas pedrinhas maravilhosamente lisinhas e redondas, que ele trouxe da Cachoeira de Paulo Afonso, e um bonito cristal de rocha, tão límpido como água pura.


Fiquei muito contente. Ainda mais quando ele prometeu mandar-me um xisto betuminoso das minas de petróleo de Alagoas.


Depois do chá, cortei pasto no parque, com máquina. Escovamos os touros e terneiras Jersey importados.


De noite toquei fonógrafo para o dr. Costa Barros ouvir.


Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 44.




Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.

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