segunda-feira, 14 de março de 2022

Rancho da costa do Jaguarão (Diário de Cecília, 1925)


Terça-feira, 18 de agosto


Está fazendo um ano que vim de Pelotas para o ranchinho da costa do Jaguarão.


Papai e Mamãe já estavam lá desde o dia 16 de julho, acompanhados pelo Joaquim.


Vim no auto do Olavinho, dirigido pelo Boy, em companhia do Rubens Antunes Maciel, até a picada, onde o Timóteo estava nos esperando, com a canoa.


Do outro lado do Jaguarão aguardava-nos o velho Cantalício, com os cavalos. Montei numa eguinha tordilha de Don Felipe e tomei a frente, trazendo os pessuelos do Maciel.


Daí a pouco avistei o Joaquim, ao longe, gesticulando no meio das chircas.


Quando cheguei ao rancho, achei-o melhor do que esperava encontrar. Tinham falado tão mal dele!


Mamãe deu-me sua cama e foi dormir na única cama que restava, muito estreita e incômoda. Coitados!


Daí a três dias chegaram o general Zeca Neto e o Firpo, numa volante.


Mamãe e eu tínhamos deixado o jantar no fogão e fomos caminhar um pouco na estrada. Nisto vimos um homem, com um grande lenço encarnado, que vinha a cavalo, e outro um pouco atrás, montado num lindo baio.


Com surpresa, reconhecemos o Bozano que, depois de nos abraçar, apresentou o companheiro: era o major Kleemann.


Em seguida, apareceu a volante do general Zeca Neto. Vinha escondida pelo meio das chircas.


Daí a um dia ou dois o general e o Firpo retornaram a Melo, deixando conosco, no rancho, o Bozano e o Kleemann.


Já então o Maciel estava morando no rancho.



Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 82/83.




Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.

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