Terça-feira, 18 de agosto
Está fazendo um ano que vim de Pelotas para o ranchinho da costa do Jaguarão.
Papai e Mamãe já estavam lá desde o dia 16 de julho, acompanhados pelo Joaquim.
Vim no auto do Olavinho, dirigido pelo Boy, em companhia do Rubens Antunes Maciel, até a picada, onde o Timóteo estava nos esperando, com a canoa.
Do outro lado do Jaguarão aguardava-nos o velho Cantalício, com os cavalos. Montei numa eguinha tordilha de Don Felipe e tomei a frente, trazendo os pessuelos do Maciel.
Daí a pouco avistei o Joaquim, ao longe, gesticulando no meio das chircas.
Quando cheguei ao rancho, achei-o melhor do que esperava encontrar. Tinham falado tão mal dele!
Mamãe deu-me sua cama e foi dormir na única cama que restava, muito estreita e incômoda. Coitados!
Daí a três dias chegaram o general Zeca Neto e o Firpo, numa volante.
Mamãe e eu tínhamos deixado o jantar no fogão e fomos caminhar um pouco na estrada. Nisto vimos um homem, com um grande lenço encarnado, que vinha a cavalo, e outro um pouco atrás, montado num lindo baio.
Com surpresa, reconhecemos o Bozano que, depois de nos abraçar, apresentou o companheiro: era o major Kleemann.
Em seguida, apareceu a volante do general Zeca Neto. Vinha escondida pelo meio das chircas.
Daí a um dia ou dois o general e o Firpo retornaram a Melo, deixando conosco, no rancho, o Bozano e o Kleemann.
Já então o Maciel estava morando no rancho.
Fonte: Assis Brasil, Cecília. Diário de Cecília Assis Brasil, org. por Carlos Reverbel. Porto Alegre, L&PM, 1983, p. 82/83.
Capa: L&PM Editores sobre foto do Castelo de Pedras Altas, Rio Grande do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário