Dizia-se que Mário de Andrade não emprestava livros, permitindo, entretanto, que o interessado frequentasse sua biblioteca para ler o que bem entendesse, apenas sob a condição de não subtrair o volume.
Certa vez, no Praia Bar (Flamengo – RJ – 1937), perguntei ao autor de Macunaíma se isso era lenda ou era verdade. Ele respondeu que era verdade, oferecendo-me sua biblioteca, mediante o referido regulamento, se algum dia eu viesse a dar com os costados na “paulicéia desvairada”.
Outra história sobre a biblioteca do grande escritor: ele nem sequer abria os livros que lhe eram entregues ou remetidos, com dedicatória, pelos autores. Comprava um novo exemplar da obra, lendo-a e, geralmente, anotando-a, mesmo porque fazia crítica literária, em parte reunida no Empalhador de passarinho. O livro que recebia do autor era mantido intacto nas estantes, formando duplicata, lado a lado, com o exemplar por ele comprado para leitura e anotação.
Capa: Tânia Porcher
Foto: Jorge Rolla
Fonte: Reverbel, Carlos. Barco de papel. Porto Alegre: Editora Globo S.A., 1978, p. 179/180.
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