Prefiro rosas, meu amor, à pátria
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
Aparecem as folhas
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
1-6-1916
Capa: Marcellin Talbot
Fonte: Pessoa, Fernando. Poesia de Ricardo Reis. Coleção a obra-prima de cada autor (250). São Paulo: Editora Martin Claret, 2006, p. 72/73.
Nenhum comentário:
Postar um comentário